Caso Sara Freitas: motorista que levou cantora gospel para local do homicídio é condenado a mais de 20 anos de prisão
15/04/2025
(Foto: Reprodução) Gideão Duarte de Lima foi o primeiro dos quatro investigados a passar pelo Júri Popular. Ederlan Santos Mariano, Weslen Pablo Correia de Jesus e Victor Gabriel Oliveira Neves entraram com recurso e aguardam definição de julgamento. Motorista que levou cantora gospel para local do homicídio é condenado a mais de 20 anos de prisão
Reprodução/TV Bahia
O motorista por aplicativo que levou a cantora gospel Sara Freitas para o local onde ela foi assassinada, na Bahia, foi condenado pelo crime, nesta terça-feira (15), após passar por Júri Popular.
Gideão Duarte de Lima foi o primeiro dos quatro investigados a ser julgado. Ederlan Santos Mariano, Weslen Pablo Correia de Jesus e Victor Gabriel Oliveira Neves entraram com recurso e aguardam definição de julgamento.
Segundo o advogado de acusação, Rogério Matos, o homem foi considerado culpado por homicídio qualificado, com agravo de ocultação de cadáver e associação criminosa.
A pena estipulada pela Justiça da Bahia foi de 20 anos e 4 meses de prisão, que devem ser cumpridos, inicialmente, em regime fechado.
Começa em Dias D'Ávila o julgamento do primeiro envolvido na morte de Sara Freitas
O motorista por aplicativo chegou ao Fórum Desembargador Gerson Pereira dos Santos, em Dias D'Ávila, cidade na Região Metropolitana de Salvador (RMS) pouco mais das 9h, em uma viatura da Polícia Penal, sob escolta da Polícia Militar (PM).
A sessão começou pouco depois e durou mais de 12h. Ao longo do dia, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação e três de defesa. O Júri foi composto por cinco homens e duas mulheres.
Durante a sessão, a acusação sustentou a versão de que o investigado ficou 20 minutos esperando no carro, enquanto o crime era cometido. Já a defesa alegou que ele foi coagido a ficar no local.
Após o Júri, Gideão voltou para o sistema prisional, em Salvador, onde já estava enquanto aguardava julgamento.
Sara Freitas tinha mais 50 mil seguidores nas redes sociais
Reprodução/Redes Sociais
Todos iriam a júri juntos
Suspeitos de envolvimento na morte da cantora gospel Sara Freitas vão a júri popular na BA
Sara Freitas foi encontrada morta no dia 27 de outubro de 2023, às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila. Antes disso, ela ficou desaparecida por quatro dias.
A família da artista pediu para que a imprensa não chame mais a cantora de "Sara Mariano", com a justificativa de que não quer mais associá-la ao sobrenome do marido, Ederlan Mariano, preso suspeito de comandar o crime.
A Justiça da Bahia decidiu em agosto do ano passado que os quatro acusados pelo Ministério Público estadual (MP-BA) de envolvimento na morte da cantora gospel Sara Freitas iriam a Júri Popular.
Em seguida, a defesa de Ederlan, Weslen Pablo e Victor Gabriel recorreram. Eles seguem no Complexo Penal da Mata Escura, na capital baiana.
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Da esquerda para a direita: Ederlan Mariano, Bispo Zadoque, Gideão Duarte e Victor Gabriel
Arte/g1 bA
O MP-BA sustenta uma acusação de feminicídio cometido por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, ocultação de cadáver e associação criminosa.
O delegado Euvaldo Costa, responsável pelo inquérito, destacou que as investigações elucidaram a participação de cada um dos suspeitos:
👉 Ederlan Mariano encomendou o crime;
👉 Gideão Duarte levou Sara Freitas até o local combinado;
👉 Victor Gabriel segurou a vítima;
👉 Bispo Zadoque a esfaqueou.
Ederlan Mariano quando foi preso e passou por audiência de custódia
TV Bahia
Valores pagos por Ederlan para suspeitos
Os suspeitos de envolvimento na morte de Sara Freitas admitiram ter dividido R$ 2 mil, que foram dados por Ederlan Mariano para executar o crime. Ederlan foi o primeiro suspeito a ser preso.
Weslen Pablo Correia de Jesus, Gideão Duarte e Victor Gabriel de Oliveira admitiram o recebimento dos valores em acareação realizada na delegacia de Dias D'Ávila, responsável pelas investigações do caso.
Além dos três envolvidos diretamente na execução de Sara Freitas, um quarto homem identificado como "cantor Davi Oliveira" aparece na divisão do dinheiro. Segundo os suspeitos, ele recebeu R$ 200 como "cortesia", porque sabia do plano para matar Sara Freitas, mas não participou de nenhuma fase do crime.
💰 R$ 2 mil: valor pago por Ederlan Santos Mariano pela morte de sua esposa.
💵 R$ 900: valor recebido por Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como Bispo Zadoque, executor da vítima e responsável pela ocultação do cadáver.
💵 R$ 500: valor recebido por Victor Gabriel de Oliveira, que segurou Sara para que Weslen Pablo, o Bispo Zadoque, a matasse. Também participou da ocultação do cadáver.
💵 R$ 400: valor recebido por Gideão Duarte pelo transporte de Sara para encontro dos executores, e dos mesmos para a casa de Ederlan após o crime. Ele ainda retornaria ao local com os executores para a queima do corpo de Sara.
💵 R$ 200: valor recebido pelo homem identificado como "cantor Davi Oliveira". Segundo os demais acusados, ele sabia do plano para matar Sara Freitas, mas não participou de nenhuma fase do crime. A polícia não divulgou se esse homem será indiciado.
Relembre o caso
Sara Freitas desapareceu em outubro de 2023
Reprodução/Redes Sociais
A cantora desapareceu em 24 de outubro de 2023, quando saiu da casa onde morava no bairro de Valéria, em Salvador, com destino a uma reunião de mulheres em uma igreja. Sara, inclusive, postou nas redes sociais que estava a caminho de Dias D’Ávila horas antes de sumir.
Ela seria levada até o local por um motorista de confiança, Gideão Duarte, que já havia prestado esse serviço anteriormente. Depois de entrar no carro, a cantora não foi mais vista. Ele tomou um carro emprestado com outra pessoa, conhecida no meio religioso como Apóstolo Hugo, para transportar a artista - ele não é apontado como suspeito de envolvimento com o ato.
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O marido dela, Ederlan Mariano, mobilizou buscas pela esposa na imprensa e nas redes sociais. Três dias depois, o corpo de Sara foi encontrado. Ele foi o primeiro suspeito a ser preso, em 28 de outubro.
A família de Sara afirma que Ederlan era agressivo com a esposa, forçava relações sexuais, e ela planejava sair de casa. A mãe dela contou que, pouco antes de morrer, a filha disse que tinha algo importante para revelar, mas não deu tempo, porque ela foi assassinada.
O segundo suspeito a ser preso foi o Bispo Zadoque, amigo de Sara, no dia 14 de novembro. O homem atuava em igrejas evangélicas na RMS e trocava mensagens carinhosas com a vítima nas redes sociais.
No dia 15 de novembro, Gideão Duarte, terceiro suspeito de participação no crime, também foi preso. Neste dia, eles passaram por audiência de custódia e tiveram as detenções mantidas pela Justiça.
O quarto suspeito de participar do assassinato da cantora gospel Sara Freitas, identificado como Victor Gabriel de Oliveira, foi preso também no dia 15, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
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